Homilia do III Domingo da Páscoa - Lc 24, 13-35)
Os cinquentas dias que decorrem da páscoa a pentecostes são como que uma celebração ininterrupta do mistério pascal. Em cada domingo a liturgia continua a proclamar a ressurreição do Senhor.
No evangelho deste domingo encontramos dois discípulos que desanimados caminham de volta para a sua terra.
Tinham colocado muita esperança em Jesus, mas diante dos acontecimentos da paixão perderam a esperança. Muitos de nós no mundo de hoje vivemos uma realidade bem parecida.
Com o advento da modernidade o homem pensava que havia chegado o momento da realização de todas as suas esperanças. Que havia chegado o tempo das luzes. A humanidade havia chegado a sua maioridade. A razão dava ao homem capacidades infinitas. E na realidade houve muito progresso, não podemos negar. Mas, logo toda esta euforia caiu por terra. A razão pura e simples não conseguiu dar respostas e nem resolver todos os problemas da humanidade. O homem caiu no desanimo. Restou a angústia, o desespero, a crise da esperança.
Mas assim como aconteceu com os discípulos de Emaús Cristo se coloca ao lado da humanidade. Ele é o Caminho. E aquele que é o Caminho se coloca ao lado dos caminhantes para indicar-lhes a via da superação de tudo aquilo que estava atrapalhando a sua esperança. Onde o homem poderá encontra respostas para os seus desejos mais profundos? Jesus afirma: Na Bíblia. E ai, Ele abre as Escrituras e mostra que toda esperança que não esteja fundamentada na Palavra eterna de Deus não serve para o homem, não tem o poder de humanizar o ser humano.
A presença e a Palavra de Jesus recuperam estes discípulos desalentados e acendeu neles uma esperança nova e definitiva. Agora sim tudo ganha novo sentido, vale apena ter esperança, acreditar em um futuro mais humano, pois temos Jesus, ele caminha conosco, sua palavra é luz que mostra a solução para as maiores dificuldades que possam surgir pelo caminho.
Mas não nos enganemos. Encontrar Jesus não é fácil, pois o Senhor se revela em um pequeno pedaço de pão (eucaristia). Ele exige do homem uma resposta de fé, crer no invisível, sair do nível da materialidade, perceber que a resposta não está nesta dimensão e sim no mundo de Deus, que na realidade não é outro mundo e sim este visto com o olhar do ressuscitado que nos revela o seu amor na leitura orante da Sagrada Escritura.
Se Jesus permanece conosco tudo se torna claro e poderemos descobri-lo na leitura da Bíblia e na Eucaristia. Por isso, fica conosco Senhor. Ajuda-nos a enfrentar a frieza deste mundo, a descobrir o caminho certo para as nossas vidas. È tarde, mas contigo não teremos medo de enfrentar as noites de nossas vidas.
O encontro de Jesus com os discípulos é algo tão transformante que os mesmos sentem a necessidade de voltar a Jerusalém e animar os outros seguidores de Jesus. A Igreja tem a missão de ser Luz dos Povos. Esta deve ser a missão de cada discípulo de Jesus: anunciar a sua presença, levar a sua palavra e a eucaristia para que todos os homens possam encontrar o caminho da paz.
Pe. Paulo Sérgio Araújo Gouveia
Paróquia São Judas Tadeu
Campina Grande-PB
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