São Francisco e a Eucaristia
Francicarla da Silva Barros Lima, OFS
A compreensão de que
através da Eucaristia nos sentimos na presença de Cristo, nos conduz a
percebermos quão grande é o Seu amor por nós. Em nossa pequenez, não
conseguimos sentir plenamente a presença viva de Jesus em nosso ser através da
Eucaristia, mas com os olhos da fé sentimos que Cristo nos permite a graça de
estarmos n’Ele e com Ele através da comunhão.
Falar de São Francisco
e a Eucaristia nos leva a querer adentrar um pouco mais no grande significado
que a Eucaristia deve ter na vida de cada cristão. São Francisco foi
considerado o homem eucarístico não porque tinha “devoção” pela Eucaristia mas
sim, porque em sua santidade, compreendeu o real sentido da Eucaristia como
doação total de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para abordarmos o tema
São Francisco e a Eucaristia, pensamos primeiramente em destacarmos pontos
referentes à Eucaristia, tendo por base o Evangelho e o Catecismo da Igreja Católica.
Compreendemos a
intimidade perfeita que acontece entre nós quando recebemos Cristo na
Eucaristia, quando ouvimos do próprio Jesus que nos diz: “Eu garanto a vocês:
se vocês não comem a carne do Filho do homem e não bebem o seu sangue, não
terão a vida em vocês. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida
eterna e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6, 53-54)
Jesus Cristo se deu por
inteiro a nós. Ao instituir a Eucaristia, Ele nos dá a certeza de que permanece
sempre conosco. Assim nos afirma o Catecismo da Igreja Católica “para
deixar-lhes uma garantia deste amor, para nunca afastar-se dos seus e fazê-los
participantes de sua Páscoa, instituiu a Eucaristia como memória de sua morte e
de sua ressurreição, e ordenou a seus apóstolos que a celebrassem até a sua
volta, constituindo-os sacerdotes do Novo Testamento”. (CIC, 1337)
Quando acreditamos
verdadeiramente que Cristo está no pequeno pedaço de pão, nos permitimos ser
sacrários vivos, assim como Maria. Ao recebermos Cristo na comunhão, devemos
confiar que nos unimos a Ele de corpo e alma.
Além disso, devemos
compreender ainda que a Eucaristia nos purifica e nos renova, entendendo que “a
comunhão separa-nos do pecado. O Corpo de Cristo que recebemos na comunhão é
‘entregue por nós’, e o Sangue que bebemos é ‘derramado por muitos para
remissão dos pecados’. Por isso a Eucaristia não pode unir-nos a Cristo sem
purificar-nos ao mesmo tempo dos pecados cometidos e preservar-nos dos pecados
futuros”. (CIC, 1393)
Compreender a
Eucaristia é compreender o Mistério, pois “encontram-se no cerne da celebração
da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pela palavra de Cristo e pela
invocação do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo”. (CIC,
1333)
Como cristãos, não
podemos simplificar o significado da Eucaristia no sentido de que a recebemos
na missa e ai se encerra. Não. Entender que “a Eucaristia é fonte e ápice de
toda vida cristã” (CIC, 1324) nos permite afirmar que a Eucaristia nos
fortifica em nossa missão evangelizadora, nos transforma interiormente e nos dá
a graça de permanecermos unidos a Jesus não só na missa mas, em toda a vida.
Numa perspectiva
franciscana, reflitamos sobre atitude de São Francisco diante do Mistério
Eucarístico. Nosso pai seráfico compreendeu radicalmente o amor do Cristo
Eucarístico. Ele mesmo nos indica a atitude que devemos ter diante de tão
grande Mistério, quando afirma na Carta a toda Ordem (21-22): “Ouvi, irmãos
meus: se a bem-aventurada Virgem é tão honrada
- como convém -, porque trouxe em seu santíssimo útero; se o
bem-aventurado Batista estremeceu e não ousou tocar a santa cabeça de Deus; se
se venera o sepulcro em que ele jazeu por algum tempo, quão santo, justo e
digno não deve ser quem traz nas mãos
(I Jo 1,1), recebe na boca e no coração e oferece aos outros para receberem
aquele que já não mais morrerá, mas há de viver eternamente glorificado, a quem os anjos desejam contemplar (1 Pd1,12)!”
É verdade que São
Francisco dirigiu estas palavras aos sacerdotes, mas por que não as dirigir a
nós enquanto irmãos e irmãs franciscanos(as)? Ainda na Carta a toda Ordem, São
Francisco nos aponta a nossa pequenez diante do Mistério Eucarístico, quando
diz: “Pasme o homem todo, estremeça o mundo inteiro, e exulte o céu, quando
sobre o altar, nas mãos do sacerdote, está o Cristo, o Filho de
Deus vivo (Jo 11,27)! Ó admirável grandeza e estupenda dignidade! Ó
sublime humildade! Ó humilde sublimidade: o Senhor do universo, Deus e Filho de
Deus, tanto se humilha a ponto de esconder-se , pela nossa salvação, sob a
módica forma de pão! Vede, irmãos, a humildade de Deus e derramai diante dele os vossos corações. (Sl 61,9);
humilhai-vos também vós, para serdes exaltados (cf. 1 Pd 5,6; Tg 4,10) por ele.
Portanto, nada de vós retenhais para vós, a fim de que totalmente vos receba
aquele que totalmente se vos oferece”. (CTO 26-29)
São Francisco
compreendeu que se Jesus Cristo, que é Deus humilhou-se e doou-se todo inteiro
a nós, porque então nós, não devemos fazer do mesmo modo para com o nosso
próximo. Doar-se inteiramente ao serviço no Reino de Deus, almejando levar
Cristo a todos aqueles que anseiam por palavras e atitudes verdadeiramente
cristãs no mundo.
Francicarla da Silva
Barros Lima, ofs
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Referências
bibliográficas
Bíblia Sagrada, Edição
Pastoral, Paulus, 1990
Catecismo da Igreja
Católica, Edições Loyola, 1999
Fontes Franciscanas e Clarianas, Editora
Vozes/ FFB, Petrópolis,RJ, 2008
Para refletirmos:
ü Como
compreendemos a Eucaristia em nossa vida?
ü Como
deve ser a vida eucarística do(a) franciscano(a)?
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