sábado, 29 de março de 2014



IV Domingo da Quaresma - Jo 9,1.6-9.13-17.34-38



Estamos avançando em nossa caminhada quaresmal. A cada domingo nos deparamos com textos da Sagrada Escritura de grande profundidade simbólica. Infelizmente o tempo, por ser curto, não nos ajuda a desvendar toda a riqueza destes textos. Assumamos o compromisso de durante a semana revisitá-los e aprofundá-los em nossa Leitura Orante da Palavra. 

A liturgia deste domingo focaliza o encontro “daquele que nasceu cego” com “aquele que é a Luz”. Somos todos nós. O cego do evangelho simboliza todo o gênero humano. Esta cegueira começou com o pecado do primeiro homem, de quem todos herdamos a origem tanto da morte quanto da iniquidade. Porém, Jesus é a Luz e veio para que o homem participe de sua luz, que nos é dada pelos sacramentos, principalmente o batismo. Santo Agostinho viu simbolizado neste milagre o Sacramento do Batismo, no qual por meio da água, a pessoa fica limpa e recebe a luz da fé. Por isso, São Justino de Roma chamava o batismo de iluminação. 

Por isso, este domingo é apropriado para meditarmos sobre a nossa fé e o nosso batismo. O batismo abre os olhos da alma e nos ajuda a enxergar o mundo a partir da luz do evangelho. Aprendamos com Deus a maneira correta de olhar. Escutamos na primeira leitura que “Deus vê o coração e não as aparências”. Ele não olha a exterioridade e sim o coração de cada homem, penetra nos sentimentos mais ocultos, procurando perceber quais são as nossas verdadeiras intenções. 

Mas, não basta sermos iluminados no batismo. No batismo recebemos a fé como semente que deve crescer e desenvolver-se com a graça de Deus e com a nossa liberdade. É preciso que vivamos como filhos da luz. O que aconteceu na celebração batismal deve se desdobrar em nossas atitudes diárias através da bondade, justiça e verdade. Não podemos nos comportar como filhos das trevas. O cristão iluminado vive na verdade, eis o desafio, pois percebemos que há em nossas vidas regiões tenebrosas, não evangelizadas, não iluminadas pela luz de Cristo e que necessitam serem colocadas diante do Senhor para que Ele as ilumine. 

A fé como luz tem outro sentido, pois, assim como a luz mostra as coisas e nos orienta, também a fé. Sem ela como viver bem neste mundo, como saber distinguir o verdadeiro do falso, como saber lidar com as diversas situações em que nos deparamos todos os dias? 

Que belo exemplo de firmeza na fé nos dá este cego! Sua fé é viva operante. Assim devemos nos comportar quando em muitas circunstâncias nos sentimos cegos, quando nas preocupações da vida se oculta à luz. Que poder tinha a água para curar aquele homem? Será que ele nunca tinha lavado o rosto? Mas, o Senhor pediu e aquele homem acreditou e pôs em prática o que Jesus lhe ordenou e foi iluminado. Façamos o mesmo.

Pe. Paulo Sérgio Araújo Gouveia
Paroquia São Judas Tadeu - Nações
Campina Grande-PB

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