III Domingo da Quaresma (Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42)
Na primeira leitura deste domingo o povo que estava
atormentado pela sede e pela aridez do deserto interpela a Moisés: “Dá-nos água
para beber”. Deus os colocou no deserto para provar os seus corações, para que
o povo descobrisse que somente Ele é o Senhor, “o único necessário”. Mas, eles
haviam esquecido todas as maravilhas que Deus havia feito no deserto e agora reclamavam porque não tinham água.
Moisés, seguindo as instruções de Deus, bateu no
rochedo e dele saiu água. Paulo vai afirmar que este “rochedo era Cristo” (ICor
10,4), isto é, prefigurava Jesus, que um dia haveria de ser a fonte de “água
viva” oferecida a toda a humanidade.
No Evangelho Jesus chega a Samaria, uma cidade
sincretista e se encontra com uma mulher a beira de um poço. Esta mulher representa
a Samaria, nação pagã, que havia se prostituído com deuses falsos. Havia
procurado a plenitude da vida em propostas fáceis e falíveis que podem matar a
sede por algum momento, mas que não levam a plenitude da existência. Propostas
que longe do Senhor sempre deixa um vazio na alma.
Este evangelho mostra a relação de Deus com o
seu povo usando o símbolo do Deus-esposo que procura o povo-esposa-infiel, que
abandonando o Deus vivo, vai à procura de falsos deuses, de falsas propostas.
Jesus representa o verdadeiro esposo que vai ao encontro de sua esposa infiel.
O encontro se dá no poço, o mesmo lugar onde os patriarcas se encontravam com
as suas esposas.
O poço de Jacó representa o Antigo Testamento
onde a mulher vai matar a sua sede, mas ao chegar se depara com Jesus “sentado
sobre o poço”. Jesus ocupa o lugar do poço, porque ele é o verdadeiro poço de
onde jorra a água da vida. Quem mata a sede do homem não é mais a Lei do Antigo
Testamento, mas Jesus.
Podemos celebrar aqui o encontro de Deus com o pecador
sedento, do “Amante com o amado”, como dirá São João da Cruz, onde o
Deus-Amante oferece o seu amor, isto é, a plenitude da vida, o dom do Espírito
Santo, como dirá são Paulo na segunda leitura a sua esposa amada. Para isso,
basta um gesto de amor que neste caso é dá um pouco de água a Jesus. Um gesto
tão pequeno diante de um dom tão grandioso. Basta somente isso para que o
perdão, a misericórdia aconteça “seus pecados foram perdoados porque ela
demonstrou muito amor” dirá Jesus à outra pecadora.
Reconhecendo a grandeza da proposta de Jesus a
mulher abandona o cântaro que servia para tirar água, ele não é mais
necessário. Não precisa mais do poço de Jacó, agora pode beber na fonte que é
Jesus.
Mas como receber esta água viva? Na primeira
leitura Moisés para saciar a sede do povo bateu na rocha e dela saiu água. Já
sabemos que esta rocha é figura de Cristo, significa dizer que Cristo nos dará
“água viva”, isto é, seu Espírito. No relato da paixão João dirá que “um
soldado transpassou o lado de Jesus que saiu água e sangue” simbolizando o
batismo e a Eucaristia, e quando estava morrendo “Jesus entregou o Espírito”.
Santo Ambrósio dirá que “é da paixão de Cristo que nos vem todos os bens”. É
assim que se comporta o amor, ao bater em Jesus acontece a salvação do mundo.
Daí segue que, a fonte é Jesus, a água viva é o Espírito Santo e os meios são
os sacramentos. Bebamos.
Pe.
Paulo Sérgio Araújo Gouveia
Paróquia
São Judas Tadeu – Nações
Campina Grande-PB
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