sexta-feira, 18 de abril de 2014

Homilia Sexta-Feira Santa - Paixão do Senhor



A liturgia deste dia nos introduz no tema da paixão. Escutamos na profecia de Isaias e no salmo alguns pormenores do sofrimento do Senhor. Cristo está totalmente conformado com a vontade do Pai e com o Pai quer o sacrifício de si mesmo para a salvação da humanidade. O amor que une o Pai com o Filho que é o Espírito Santo impele tanto o Pai a entregar o Filho, quanto o Filho a dar-se pela nossa salvação. 

Dizer que Deus não poupou seu próprio Filho, significa que não o poupou para si mesmo, não o reservou para si como tesouro, objeto de ciúme. O Pai não apenas recebe o sacrifício do Filho, mas é quem faz o sacrifício de nos dar o Filho. O Pai não fica contemplando o sacrifício do Filho lá do céu, mas está com o Filho. O sacrifício do Filho é morrer na cruz e o sacrifício do Pai é entregar o Filho. Podemos exultar com Santo Agostinho: “Como nos amastes o Pai bondoso, que não poupastes teu único Filho, mas o entregastes por nós pecadores, como nos amastes”.

Só um amor infinito pode explicara a desconcertante humilhação do Filho de Deus. São Paulo na segunda leitura afirma que Cristo não se apegou as honras divinas, mas se fez servo.


Por isso, a liturgia nos convida a fixar o nosso olhar na glória de Cristo, para nos prepararmos bem para compreendermos a profundidade de sua paixão humilhante, caminho necessário para a exaltação. Não se trata, pois de seguir Jesus em uma hora, mas, sim de segui-lo até o calvário onde, morrendo na cruz, triunfará para sempre do pecado e da morte.


São estes os sentimentos que a Igreja manifesta quando, ao abençoar os ramos, reza para que o povo cristão complete o ritual externo com profunda devoção, triunfando do inimigo e honrando, com todo o coração, a misericordiosa obra da salvação do Senhor. Não existe maneira mais bela de honrar a paixão de Cristo do que conformar-se com ela para, com Cristo, triunfar do inimigo, o pecado.


Para isso, a Igreja propõe para a nossa consideração a paixão do Senhor com toda a sua realidade nua e crua, para que fique bem claro que ele sendo verdadeiro Deus é verdadeiro homem, e como tal enfrentou o sofrimento fazendo-se irmão dos homens a ponto de partilhar com eles a morte para que estes participassem de sua divindade.


Da maior aniquilação nasce a maior glorificação, mesmo como homem cristo é nomeado Senhor de todas as criaturas e exerce o seu domínio resgatando os homens do pecado e comunicando-lhes a vida divina.


Pe. Paulo Sérgio Araújo Gouveia
Paróquia São Judas Tadeu
Campina Grande-PB

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