sábado, 29 de novembro de 2014

Homilia I Domingo do Advento (Mc 13,33-37)



Estamos iniciando um novo ano litúrgico, mais uma vez o Senhor nos deu a oportunidade de meditarmos sobre os mistérios da vida de Jesus e fazer destes mistérios os nossos mistérios. Tudo o que celebramos neste ano que terminou foi com o objetivo de, ajudados pela graça do Espírito Santo, deixar que Cristo fosse formado em nós. Em cada liturgia assumimos a vida de Jesus como a nossa vida e assim, um pouco por vez, nos tornamos cristãos. 


Neste domingo iniciamos o tempo do advento e a liturgia da Palavra põe em nossos lábios uma oração do profeta Isaías: “Ah! Se rompesses os céus e descesses! As montanhas se derreteriam diante de ti”. Logo depois o profeta confirma: “Descestes, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti”.

Podemos dizer que neste versículo está toda a espiritualidade do advento e do Natal. Por enquanto contemplemos a do advento: Ah! Se rompesses os céus e descesses! As montanhas se derreteriam diante de ti”. Desde que os nossos primeiros pais perderam a familiaridade com Deus, por causa do pecado, e foram expulsos do paraíso, Deus começou a procurar o homem, mas também o homem, iluminado pela graça de Deus, sentiu desejo de Deus e saudade do Paraíso. Em todas as culturas e civilizações e principalmente no povo de Israel havia o suspiro pela vinda de Deus. Podemos afirmar que esta oração é a síntese de toda a oração do Antigo Testamento.

O homem aspira por Deus, o deseja e o Senhor que colocou este desejo no coração do homem o atrai para si. Mas também é preciso rezar e se preparar para que o Senhor quando vier não nos encontre dormindo É isso o que a Igreja quer nos incutir neste tempo do advento. Por isso, na oração inicial deste domingo rezamos que o Senhor conceda aos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste. 
Possuir o reino celeste é possuir Jesus, é recebê-lo em nosso coração, é deixar que ele nasça em nossa vida. Assim como o Espírito Santo formou Jesus no ventre de Maria, assim também quer Ele formar Jesus em nós. Por que nada é mais importante do que ter Jesus. São Paulo na segunda leitura afirma que “nele fomos enriquecidos em tudo, em toda a palavra e em todo o conhecimento...”. Ah se verdadeiramente descobríssemos neste advento que Jesus é toda a riqueza de nossa vida, é a plenitude de todos os nossos desejos e a realização de nossas vidas.

A vinda de Jesus é maravilhosa, mas não esqueçamos que uma vez ele nascendo em nossa vida, às montanhas se derretem, isto é, as montanhas do nosso orgulho e da nossa prepotência. Fazer com que estas montanhas se derretam não é algo fácil, é uma terapia dolorosa, derrubar as barreiras dos nossos pecados para é algo desconcertante, perturbador. Não esqueçamos que Jesus vem com a paz, ele que é o príncipe da paz, mas com a paz que nasce da cruz, da renúncia, da quebra do nosso comodismo. 

Mas ele vem por nós e para nós, deixemos que ele quebre as nossas montanhas, apare as nossas arestas. Que maravilha será no final percebermos que nenhum outro Deus fez tanto pelos que nele confiam. Vem Senhor Jesus.

Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial - Catedral diocesana
Diocese de Campina Grande

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