domingo, 14 de dezembro de 2014

Homilia III Domingo do Advento



Com este domingo avançamos para o coração do advento. A preparação se torna mais intensa, a certeza de que o Senhor vem se torna mais clara, “aquele que nos chamou é fiel”. Por isso, a Igreja começa a liturgia deste domingo nos convidando a alegria. E Paulo na segunda leitura pedirá que “estejamos sempre alegres”. 

Somos convidados à alegria, a “exultar no Senhor”. O cristão se alegra, mesmo em meio às tribulações, por que o Senhor é fiel. Ele nos prometeu um Salvador e este está à porta, vai chegar. 
O evangelho deste domingo inicia dizendo que “Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João”. A liturgia de hoje nos apresenta a figura de João, que veio para dar testemunho de Jesus. João era um asceta que vivia no deserto fazendo penitência e tinha sido enviado por Deus para apontar o Messias. 

Quando interrogado sobre quem era a sua pessoa João afirmou que “Eu sou uma voz que clama no deserto”. Comentando esta passagem diz Santo Agostinho: “João era a voz passageira, Cristo é a Palavra eterna. A voz sem a palavra é apenas um ruído que ressoa nos ouvidos, mas não alimenta o coração”.

Pensemos um pouco: tenho uma palavra para dizer, esta palavra está na minha mente, exteriorizo esta palavra através da minha voz que faz com que a palavra chegue ao coração do meu ouvinte. A voz se cala, mas a palavra permanece na minha mente, e também na mente do ouvinte. Assim acontece na Trindade, o Pai tem uma Palavra que é eterna e quer transmitir esta Palavra para os homens, então ele usa a voz, um mensageiro, assim ele faz com que a palavra que estava no seu seio seja colocada nos corações dos homens. Passa a voz e permanece a Palavra.

Na primeira leitura escutamos que “a terra faz brotar a planta e o jardim faz nascer à semente”. A terra, o jardim onde cai a semente da Palavra enviada pelo Pai e é proclamada pelo mensageiro é o nosso coração.

Mas João diz que ele é “a voz que grita no deserto”. Dizendo isso ele está fazendo o que deve fazer todo profeta: denunciar e anunciar. João denuncia a aridez do nosso coração, que sendo um deserto não conseguirá fazer com que a semente (Palavra) germine. E ao mesmo tempo ele diz que devemos preparar a terra do nosso coração para que a semente possa germinar. 

O que devemos fazer para que esta semente germine e de deserto nos transformemos em jardim? Precisamos regar com a água e na Bíblia a água é figura do Espírito Santo. Voltemos para Santo Agostinho: “O Espírito Santo é o Mestre interior. Ouço uma palavra que me é transmitida pela voz. Esta palavra entra pelos meus ouvidos, passa pela minha razão e chega ao meu coração. No meu coração está o Mestre interior (o Espírito Santo) que fará com que a palavra ouvida e meditada se torne compreensível para mim”. Podemos dizer que o Espírito Santo é o decodificador da Palavra de Deus, sem Ele não entenderemos nada, seremos um deserto.

Por isso, que preparar-se bem para viver o Natal não deve partir apenas de um esforço pessoal para mudar de vida como se isso dependesse de nós e sim pedir a graça de Deus, pedir o dom do Espírito. Paulo na segunda leitura dirá que: “Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso”. Abramos o nosso coração para a ação do Espírito, participemos intensamente da liturgia do tempo do advento, rezemos com mais intensidade invocando o mesmo Espírito que pousou sobre Maria. Ele apontará o que precisamos fazer para receber bem o Senhor.

Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande

Nenhum comentário:

Postar um comentário