A liturgia deste domingo nos mostra o itinerário da vida cristã: conversão, inserção no mistério de Cristo, permanência neste mistério e progresso na vida de caridade.
Na primeira leitura escutamos a chegada de Saulo em Jerusalém depois de sua conversão no caminho de Damasco. Todos tem medo daquele que, iluminado por uma graça extraordinária, de perseguidor feroz que era do cristianismo se torna missionário do evangelho. A conversão exige um longo trabalho de superação dos vícios e pecados, para mudar de mentalidade e de comportamento. A conversão não é um mero episodio, mas algo que empenha por toda a vida e não é uma conversão somente a Deus, mas também a Igreja. O acolhimento da comunidade se torna sinal do acolhimento de Deus na vida da pessoa que se converte.
Uma vez convertido, o batismo enxerta o homem em Cristo para que viva a sua vida. A vida do seguidor de Jesus não é mais uma vida somente natural, mas uma vida divina. Participa da vida de Deus, está em comunhão com Jesus não somente pela doutrina ou pela vontade, mas de uma maneira intima e profunda. Podemos afirmar de uma maneira ontológica, isto é, a união com Cristo implica o mais íntimo do ser da pessoa. No batismo acontece de forma sacramental, mas é preciso que se torne existencial e daí a necessidade de permanecer em Jesus, está com ele, conviver com ele, fazer dele o tudo da nossa vida.
À medida que nós permanecemos unidos a Cristo, Cristo permanece em nós comunicando-nos a sua vida divina. Assim o cristão produzirá abundantes frutos de santidade, isto é, de caridade. Não somos capazes de obter nada na vida sobrenatural se não estivermos em comunhão com Cristo. O cristão jamais deve se deixar arrastar pelo medo ou desconfiança, os meios que não tem em si para trilhar o caminho da santidade encontra-os em Jesus. Ele usa estes meios, tribulações, provações, alegrias, tristezas para nos podar, nos limpar para que possamos dar mais frutos. Para nos fazer crescer. Como já dizia Santa Terezinha “o teu amor me fez crescer”. Como doe quando o Senhor nos poda, mas depois que riquezas de crescimento na união com Deus. Só assim conseguiremos dar frutos de vida eterna.
Cabe ao cristão viver a sua vida nesta total adesão a Cristo pela fidelidade pessoal como afirma a expressão “permanecei em mim”. A melhor maneira de permanecermos em Cristo é que as suas palavras permaneçam através da fé que nos ajudará a aceitá-las e do amor que as fará por em pratica.
Na segunda leitura nos é lembrado uma das palavras do Senhor de fundamental importância: “amai-vos uns aos outros”. O exercício da caridade fraterna é o sinal que distingue os cristãos precisamente por que testemunha a sua comunhão vital com Cristo. Na verdade é impossível viver em comunhão com Cristo, cuja vida é essencialmente amor, sem viver no amor e produzir frutos de amor. São João insiste vigorosamente na prática do amor.
Pe. Paulo Sérgio Araújo
Vigário da Catedral diocesana
Diocese de Campina Grande
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