Hoje Cristo diante dos seus discípulos sobe ao céu. É a sua entrada triunfal na glória depois das humilhações da paixão. É à volta para a casa do Pai, agora não somente com a sua divindade, mas também conduzindo a sua humanidade glorificada. Os evangelistas narram o acontecimento com muita sobriedade, mas mesmo assim ressaltam o poder e a glória de Cristo.
Não podemos conceber a ascensão de Cristo como “a sua subida para um espaço no alto”. É preciso perceber o seu significa mais profundo: A ascensão de Cristo significa que através de Cristo a humanidade foi introduzida com Ele no céu. O céu não é um espaço geográfico, mas uma nova dimensão, significando que o homem tem lugar “em Deus”. Isto se tornou possível devido à união da humanidade com a divindade na Pessoa Divina do Filho de Deus, Jesus Cristo, que agora é elevado a gloria do céu. Marcos ao narrar o batismo de Jesus afirmou que o céu se rasgou. A entrada do Filho de Deus no mundo rasgou o céu e este nunca mais será costurado. Permanecerá aberto para que o homem tenha em Cristo acesso ao Pai. Porém, quem é Cristo? “O Caminho, a Verdade e a Vida”, disse Ele. Então Cristo é o Caminho que nos leva para o Céu e o Céu é a Verdade e a Vida, que é o mesmo Cristo. “Entrar” no céu é viver na plenitude da Verdade e da Vida que só poderemos viver depois da nossa viagem deste mundo, por que aqui temos apenas um vislumbre do que seja a Verdade e a Vida. Viver no Céu é viver em Cristo, Verdade e Vida.
Assim, Cristo exaltado se torna o céu, pois este não é um lugar mais uma pessoa: Jesus Cristo, no qual Deus e o homem estão unidos de modo inseparável. Vamos para o céu e até penetramos no céu na medida em que vamos para Jesus Cristo e até penetramos nele. No final da oração eucarística dizemos “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”. E São Paulo afirma na Carta aos Colossenses que “tudo foi criado por Ele, nele e para Ele”. O Céu é viver Nele, é entrar na dimensão Dele.
Compreendemos por que os apóstolos estão alegres, pois a ascensão para eles não significava uma despedida, uma ausência de Cristo no mundo, pelo contrário com a ascensão inaugurava-se uma nova presença de Cristo no mundo. Santo Agostinho afirmava: “O Senhor Jesus Cristo não deixou o céu quando veio ate nós; também não se afastou de nós quando subiu novamente ao céu, por isso, ele continua sofrendo na terra através das tribulações que nós os seus membros enfrentamos”.
Celebrar a ascensão de Cristo é expressar alegria e esperança. A esperança de que Deus tem um espaço para o homem e de que nele já somos vitoriosos. Mais uma vez Santo Agostinho afirma que: “Devemos trabalhar aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade já descansemos com ele no céu. Cristo está no céu, mas também está conosco e nós permanecendo na terra, estamos também com ele. Por sua divindade, por seu poder e por seu amor ele está conosco, nós podemos realizar a nossa união com ele pelo amor que temos para com ele”.
É certo que já não é a mesma presença, não é mais uma presença segundo a carne, mas segundo o Espírito. Este novo modo de presença é até preferível à primeira. Na sua nova condição Cristo pode se tornar presente em cada homem, ele se tornou o nosso contemporâneo que caminha conosco.
Cristo desceu do céu para que nós subamos com ele. Meditando neste mistério de Jesus tomemos consciência de que a nossa pátria é o céu e de que o céu é estar com a Trindade.
Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande
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