sábado, 28 de fevereiro de 2015

Homilia - II Domingo da Quaresma (Mc 9, 2-10)



No nosso itinerário quaresmal estamos a caminho do grande domingo da ressurreição, mas não podemos esquecer que haveremos de passar pela sexta feira santa e é essa verdade que as leituras de hoje nos ajudam a tomar consciência.

Na primeira leitura ouvimos: “Deus pôs Abraão a prova” e a prova é “Toma teu único filho, aquele que tanto amas e oferece-o em holocausto em um monte que eu te indicar”. Abraão é convidado por Deus a subir ao monte para oferecer o seu filho em sacrifício. Imaginemos o combate de Abraão subindo este monte e contemplando o filho quer vai ser oferecido em sacrifício. 

Abraão obediente a Deus oferece o seu filho, esta é a imagem de Deus mesmo que segundo Paulo, não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós. Isaac é figura do Filho de Deus. 

No evangelho encontramos Jesus que toma consigo Pedro, Tiago e João e sobe a uma alta montanha e ali se transfigura diante deles. Consideremos estes fatos na perspectiva da conversão. Primeiro o de Abraão que sobe a montanha para oferecer seu filho. Esta caminhada de Abraão é figura da caminhada da vida cristã. Todos nós precisamos subir a montanha e toda subida é dolorosa, é difícil. Sempre que medito no mistério do rosário em Jesus sobe o Calvário conduzindo a cruz, lembro-me desta verdade, que sem combate não pode haver vitória e que a subida é dolorosa.

As leituras de hoje nos ajudam a ver tanto o que há de obscuro nesta subida quanto o que há de luminoso no alto da montanha. Subir a montanha significa a transformação que temos que passar para sermos homens novos. A conversão é algo doloroso, difícil, pois, não queremos nos desapegar de nosso Isaac. Mas uma vez acontecendo esta conversão, como tudo se torna luminoso.

A Bíblia diz que Abraão caminhou três dias com o seu filho em direção à montanha, com certeza foram três dias de grande sofrimento para aquele pai. Isaac era o Filho da promessa, o filho da velhice. Deus havia prometido fazer de Isaac um grande povo e agora, o mesmo Deus manda que o menino seja sacrificado. Como pode ser isso? O que Deus estaria querendo com tudo isso? Colocar os seus planos por terra? Jamais Deus faria isso. Quantas perguntas na cabeça de Abraão. Mas ele foi firme e obedeceu. Deus age como quer e quando quer, não somos nós que devemos orientar suas ações.

Aqui vem uma questão muito importante: Por que Deus agiu assim com Abraão? Foi apenas para pô-lo a prova? Não. Era necessário que isso acontecesse com Abraão. Ele estava apegado demais ao seu filho, no lugar de ele olhar para Deus olhava para o filho, o futuro, segundo ele, estava nas mãos do filho Isaac. E não estava, pois o futuro está nas mãos de Deus. Para subir a montanha é necessário desapegar-se de todas as coisas, até mesmo d’aquela missão que Deus nos deu e que nos sentimos donos e achamos que somos “tão necessários” que sem nós ela não se realizaria. O nosso olhar deve estar orientado não para a missão, para o “Isaac” e sim para Deus. Pois, Deus realiza seu plano independente de nós, somos apenas instrumentos que o Senhor eleva e derruba quando ele quer. 

Uma vez livre de tudo conseguimos mais do que desejamos. Abraão nada perdeu em oferecer seu filho a Deus. Pelo contrário ganhou tudo. Aprendamos que para chegar à alegria e a glória percorremos um caminho doloroso, o caminho da cruz e do sofrimento.

Agora consideremos a Cristo que uma vez no alto da montanha é transfigurado. É esta a consequência da doação da nossa vida. Deus exige que subamos a montanha, não para nos fazer sofrer, mas para que ao subir sejamos transformados e chegando ao alto sejamos transfigurados. Não existe transfiguração sem a cruz. O sofrimento é necessário para o nosso adiantamento. É “para a vossa educação que sofreis” dirá o autor da carta aos Hebreus. Que graça tão grande é esta subida que o Senhor exige de nós, é esta dificuldade, este sofrimento que estamos passando, vividos em união com o Senhor, que transfiguração tão maravilhosa ele vai realizar em nossa vida. Nada que vivi ou vivo será perdido, tudo está contabilizado no amor divino.

Se formos obedientes ao Senhor veremos um milagre. Às vezes a transformação não se dá apenas no alto do monte, e sim já vai acontecendo ao longo do caminho. A dor deixa de ser dor, o sofrimento deixa de ser sofrimento, as perdas se tornam vitórias, pois passamos a ver o mundo com o olhar transfigurado e ai tudo se torna luminoso. Senhor, eu só tenho que agradecer a ti por todas as dificuldades que tu colocas na minha vida, na minha missão. Elas são frutos do teu amor misericordioso e meios para que eu possa crescer, se melhor, me unir mais a Ti e crescer na caminhada do amor.

Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Irmã Natureza


Por: Ir. Mery Lucena 
(Noviça da OFS)

Em um período que as discussões sobre a educação ambiental tornam-se um assunto, cada vez mais, imprescindível para vida em sociedade, podemos refletir o tema tomando os ensinamentos de São Francisco de Assis, o nosso patrono da ecologia. Inspirados na espiritualidade do nosso Pai Seráfico, poderemos aprender a amar, como também, a respeitar as criaturas de Deus.
Durante sua vida São Francisco contemplou e dialogou com as criaturas de Deus, fazendo delas suas irmãs: o irmão sol, a irmã lua, a irmã água, a irmã terra, etc. Além disso, cantava louvores a Deus por todas as suas criações.

Com um olhar franciscano vamos refletir sobre algumas questões:

·      -  Como estamos cuidando da nossa Flora e Fauna;

·      - Quais são nossas ações quanto aos maus tratos de animais, sejam eles, domésticos ou silvestres;

·      -   E as nossa irmã água? Estamos tendo cuidado com a poluição dos nossos rios?
    
     Vamos refletir as nossas ações como Cristãos, vamos contemplar a criação do nosso Deus, assim como São Francisco de Assis fez. Vamos aprender a conviver em harmonia com a natureza.


Que foi que fizemos contigo, planeta terra!
Que foi que fizemos contigo ó mãe terra!

Secamos as tuas fontes
Sujamos os teus riachos
Cortamos as tuas árvores
Exterminamos os teus animais

Poluímos os teus ares
Conspurcamos os teus mares
Depredamos tuas entranhas
E te ferimos da cabeça aos pés

E não fizemos mais
Porque ainda não deu tempo
Planeta terra, planeta terra 
(Padre Zezinho)

Rito de Admissão na OFS Campina Grande

Irmãos noviços da OFS Campina Grande: Guilherme Lucena, Mery Lucena, Edith Gomes e Ronaldo Sales com o Ministro da OFS Campina Grande (no centro com a cruz) Francisco Antônio, OFS. 

Aconteceu no dia 22 de fevereiro, 1º Domingo da Quaresma, o Rito de Admissão de 5 irmãos postulantes ao período de formação franciscana secular (noviciado) na OFS da fraternidade São Francisco de Assis de Campina Grande. São eles: Damião Oliveira, Edith Gomes, Guilherme Lucena, Meryglaucia Lucena e Ronaldo Sales.

Após quase 2 anos no período da iniciação (postulantado), os irmãos foram admitidos na OFS e passam agora por um período de formação até a profissão religiosa na Ordem Franciscana Secular.

O rito aconteceu na reunião ordinária mensal da OFS com a presença do conselho local e de vários irmãos professos da OFS. Na ocasião, os noviços receberam o livro dos evangelhos (Bíblia Sagrada) e o livro contendo as constituições e regra da OFS.

A formação será baseada no Evangelho e na Regra da OFS e terá os encontros mensais ocorrendo na casa franciscana sempre no 2° sábado de cada mês às 14h30min. Segundo o conselho local, a previsão é que no mês de dezembro deste ano ocorra a profissão destes novos irmãos e irmãs.

Rezemos para que Deus Pai mantenha esses nossos irmãos perseverantes na Fé e que a exemplo de São Francisco e Santa Clara abracem a missão de ser luz no mundo.

Paz e Bem!
Imagens na aba de fotos 
  

sábado, 21 de fevereiro de 2015

MEDITAÇÃO SOBRE A PRIMEIRA SEMANA DA QUARESMA


Ao iniciarmos a quaresma, tempo de penitência e de conversão, pedimos logo a Deus no primeiro domingo que “ao longo desta quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo”. Eis a essência e a grandeza da vida cristã, conhecer Jesus Cristo. Que nesta quaresma possamos seguir o conselho do livrinho da Imitação de Cristo: “Seja, pois, o nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo”.
A profundidade de nossa conversão está no conhecimento de Jesus e quem é Jesus Cristo? É o Verbo eterno, é a palavra viva do Pai sobre a terra, é a ciência do Pai e a sua sabedoria, é o Filho de Deus, Deus de Deus, Luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Nenhum estudo deve ser preferido ao conhecimento de Jesus, todas as outras coisas são nada, tudo haverá de passar, menos o conhecimento de Jesus Cristo. São Paulo, o grande entusiasmado por Jesus, diz: “Tudo considero como perda pela excelência do conhecimento de Jesus cristo meu Senhor” (Fil 3,8).
Se Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Caminho a verdade e a Vida, então o centro da nossa existência deve ser Jesus e quando um cristão compreende esta verdade ele só pode dizer que: a minha vida é Jesus. O Senhor se torna o centro do seu pensamento e afeto, a bússola que orienta todas as suas decisões e ações. Sendo o centro de sua vida o Evangelho passa a ser cartilha mais importante e meditando nos evangelhos o cristão procura e encontra Jesus é a delicia do seu coração e assim a doutrina e as virtudes de Jesus se tornam seu verdadeiro alimento e constituem a medida de todas as coisas em sua vida.  Nada decide sem antes pensar: como Jesus se comportaria diante deste fato?
No conhecimento de Jesus se deve progredir, por que nunca sabemos tudo, Ele é o Caminho e o é, por dois motivos, primeiro por que ninguém vai ao Pai senão por Ele. O homem não é capaz de oferecer a Deus um sacrifício de adoração, nesse caso ele precisa incorporar-se a Jesus Cristo, fazer suas as homenagens que Jesus, único mediador, oferece ao Pai.  Mas também Jesus é o Caminho que nos ensina a viver neste mundo, podemos caminhar com Jesus e em Jesus. Pisar onde ele pisou para chegar a meta final com Ele.
Jesus é o nosso modelo. Ele é o homem perfeito que nos convida a sermos  seus discípulos e segui-lo: por seu rebaixamento, deu-nos um exemplo a imitar, por sua oração nos ensinou a rezar, por sua pobreza a vivermos na simplicidade
Mas a oração não termina no pedido para conhecer Jesus. O conhecimento de Jesus tem um objetivo: “corresponder a seu amor por uma vida santa”. Quem penetra na vida de Jesus descobre o amor de Deus, Jesus é o dom do Pai, é a expressão amorosa de Deus. Tudo o que Jesus disse e fez foi por amor ao ser humano, todas as atitudes de Jesus nasceram do seu amor para conosco. Meditar na vida de Jesus é contemplar o amor de Deus.
Por isso, que o conhecimento de Jesus nos leva ao desejo de corresponder a este amor com uma vida santa, a conformar a nossa vida com a vida de Jesus, a ser como ele neste mundo. A imitação de Jesus não pode limitar-se a um aspecto particular da sua vida, mas há de levar o cristão a uma atitude de total semelhança com Cristo para viver o melhor possível a sua vida e assim a vida do cristão deve ser uma continuação da vida de Cristo, ser um reflexo dela. Tudo o que Cristo viveu foi para que pudéssemos vivê-lo nele e para que ele o vivesse em nós.  
Diante desta oração da Igreja que é nossa oração, pedindo o conhecimento de Jesus, nesta primeira semana da quaresma vamos nos empenhar para ler com mais atenção o evangelho e todas as vezes que formos lê-lo vamos recitar esta oração pedindo ao Pai que ele pelo Espírito nos revele quem é Jesus.  

EXERCÍCIO QUARESMAL DA SEMANA

Tiremos um momento de nosso dia, escolhamos um evangelho e façamos uma leitura orante, pausada com o intuito de conhecer Jesus. 














Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Diocese de Campina Grande

Exercícios Quaresmais

Oração: A oração é a expressão máxima de nossa fé. Não posso pensar nela como algo que parte somente de mim, pois, quando o homem se põe em oração, a iniciativa é de Deus, que atingiu, com a Sua graça, o coração desse homem. Toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, uma comunicação com o divino em nós.
Jejum: Jejuar é abster-se de um pouco de comida ou bebida. É estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e de respeito, diante do alimento, torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o possa escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, ideias, pessoas, apegos e assim por diante. Temos mais: jejuar significa fazer espaço em si.
Esmola ou caridade: O que significa a esmola? Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, sem egoísmo, sem pedir recompensa, mas em atitude de compaixão. Nisso, o homem imita o próprio Deus no mistério da criação, e a Jesus Cristo, no mistério da Redenção.
Celebrar a Eucaristia, no tempo da Quaresma, significa percorrer com Cristo o itinerário da provação que cabe à Igreja e a todos os homens; assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos que constituem o sacrifício espiritual. Assim, renovando os compromissos do nosso batismo, na noite pascal, poderemos “passar” para a Vida Nova de Jesus – Senhor ressuscitado, para a glória do Pai, na unidade do Espírito. 
(Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/exercicios-quaresmais-de-conversao/)

Homilia 1° Domingo da Quaresma - Mc 1,12-15



Estamos iniciando os domingos da quaresma. E neste primeiro domingo lemos no evangelho que o Espírito Santo conduziu Jesus para o deserto. E no deserto Jesus foi tentado pelo Diabo. Sempre imaginamos um Espírito Santo que nos proporciona paz, suavidade. A Palavra de Deus aqui nos leva por outro caminho. Se a quaresma é um tempo de conversão que nasce da graça de Deus e da leitura da Palavra, antes de tudo precisamos “converter” a nossa maneira de ler a Palavra e deixar que ela nos oriente, sem que inventemos certos artifícios para diminuir o impacto desta Palavra em nós. 


O Espírito conduz Jesus para o deserto. O deserto é o lugar da intimidade com Deus, mas também é o lugar da prova. Deus conduziu Israel para o deserto para “humilhá-lo, tentá-lo e conhecer o que o mesmo tinha no coração” (Deut 8, 2-3). O deserto se torna necessário em toda caminhada espiritual. O deserto é o “lugar” onde mostramos quem somos realmente, onde as nossas máscaras caem por terra. Por isso, que é um “lugar” precioso, dele temos a oportunidade de sair com o nosso “eu” purificado, transformado pela ação de Deus. Pois, Deus se manifesta justamente no deserto como ele fez com Abraão, Moisés, Elias e tantos outros personagens do Antigo Testamento. 

O deserto é fruto da graça de Deus. Quando o Senhor quer que um seguidor seu amadureça, dê frutos ele o põe em situação de deserto. Sejam doenças, dificuldades, perseguições ou outras situações, é a terapia divina que destrói o homem velho. Agora que fique bastante claro ninguém tem o direito de maltratar, perseguir os outros, tornar a vida do outro um deserto. Quem assim o faz se prepara por que haverá de prestar severas contas diante de Deus, como diz São Paulo “quem pratica injustiça recebera injustiça e isso sem acepção de pessoas”. (Col 3,25). 

Mas se bem soubéssemos, como aproveitaríamos estas situações de deserto para o nosso crescimento humano e cristão. É a hora preciosa do combate, é o momento em que o Pai do céu diz: “avança, cresce, sai de ti mesmo, nasceste para o alto, não ficas rastejando”. Diante dos seus perseguidores Jesus afirmou: “Esta é a vossa hora, e o poder das trevas”. Quer dizer que o homem da maldade tem a sua hora? Tem sim... E Deus, a sua eternidade. 

São Josemaria Escrivá dizia: “Somos pedras que se movem, que sentem, que tem uma vontade livre. O próprio Deus é o pedreiro que tira as arestas, arranjando-nos, modificando-nos, conforme deseja, a golpes de martelo e de cinzel. Não queiramos afastar-nos, não queiramos esquivar-nos à sua vontade, porque, de qualquer maneira, não poderemos evitar os golpes. Sofreremos mais e inutilmente, e, em lugar de pedra polida e apta para edificar, seremos um montão informe de cascalho que os homens pisarão com desprezo”. Esta é a finalidade do deserto, nos tornar pedras polidas. 

Sempre estou atendendo as pessoas nas mais diversas situações de sofrimento (deserto) e percebo que, muitos perdem a oportunidade que Deus está lhes concedendo de melhorar, de crescer. Não conseguem perceber que as horas amargas da vida não são para derrubar e sim oportunidade para melhorar. Não conseguem aproveitar os espinhos para transformá-los em rosas. Ficam apegados com a dor e não percebem o que de bom podem colher daquela situação. E muitas vezes a dor se transforma em ódio, ressentimento, desejo de vingança. Quando na realidade deveria ser a alavanca que os elevaria até Deus. O deserto os torna cascalho que para nada servem. 

O deserto é a intervenção do Espírito Santo em nós. Sem duvida a pessoa sofrerá, por que não está em seu poder escapar a este aspecto da intervenção divina, mas se tiver fé dirá: “Não compreendo nada; aceito, entretanto, o que vem da mão de Deus, aceito este deserto, ele é o melhor para mim neste momento por que é permitido por Deus”. E com esta atitude só poderá colher a vitória e esta vitória é tão grande que a pessoa vive com os animais selvagens que na realidade são as pessoas que provocam com a sua maldade o deserto, mas nem percebem por que goza da proteção dos anjos. 

Mas se a finalidade do deserto é a nossa mudança por que Jesus passou por ele? Jesus sabia que jamais venceríamos o deserto sozinho, por isso ele vai a nossa frente, para vencer por nós e nos ajudar a vencer nele. Santo Agostinho diz: “Quando Cristo foi tentado ele representou a todos nós. Em Cristo nós sofríamos a tentação, pois ele assumiu a nossa condição humana para nos dar a salvação. Assumiu a nossa morte para nos dar a vida, assumiu as minhas tentações para me dar à vitória. Se em Cristo fomos tentados, nele também saímos vitoriosos, vencemos o Demônio. Se o cristão é chamado a reconhecer-se em Cristo quando este foi tentado, deve reconhecer-se também nele quando este sai vitorioso”. 

Cristo ao enfrentar o Demônio no deserto ele nos conduziu a Deus como afirma São Paulo na segunda leitura. A solidariedade de Cristo para conosco é perfeita jamais ele venceria sem nós, por que nos ama e por isso jamais poderemos vencer sem ele.

Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quarta-feira de Cinzas


"Tu és pó e ao pó voltarás"
Gn 3, 19

A celebração da quarta-feira de cinzas abre o período quaresmal vivido pela Igreja Católica. Trata-se de um grande retiro (40 dias) em preparação para a Festa da Páscoa do Senhor Jesus. É um tempo favorável de conversão, penitência, oração, jejum e exercício da caridade. 

As cinzas que são impostas sobre os fiéis lembram que somos pó e ao pó voltaremos, conforme está escrito  no livro de Gênesis. Trata-se de uma celebração de caráter penitencial. As cinzas possuem sentido bíblico citado em diversas passagens do antigo testamento (cf. Gn 18, 27; Nm 19, 9, 11-12,17-18; Jó 42, 6; Dn 9, 2-3; Jt 9, 1; Hb 9, 13-14; etc.)

Portanto, tomemos sobre si as cinzas e iniciemos um período de verdadeira conversão e arrependimento, buscando viver a reconciliação e o perdão exercitando a caridade. 

Paz e Bem!

Guilherme Lucena
(Iniciando da OFS)

Campanha da Fraternidade 2015


Oração da CF 2015

Ó Pai, Alegria e esperança de vosso povo,


vós conduzis a Igreja, servidora da vida,
nos caminhos da história.
A exemplo de Jesus Cristo
e ouvindo sua palavra
que chama à conversão,
seja vossa igreja testemunha viva de
fraternidade
e de liberdade, de justiça e de paz.
Enviai o vosso Espírito da verdade
para que a sociedade se abra
à aurora de um mundo justo e solidário,
sinal do Reino que há de vir.
Por Cristo Senhor nosso.

Amém!


Quaresma


Iniciamos um novo tempo na Igreja, tempo favorável, tempo de conversão. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Formação Franciscana


Frei Sérgio M. Dal Moro, OFMCap

Na informação, importante é o conteúdo e quem o transmite. Uma bonita conferência é informação. É interessante, porque pode ajudar alguém a mudar. A formação, no entanto, segue um processo mais complexo, porque é a relação de três pólos: o tema, quem o transmite e a recepção de quem o escuta. Na formação, leva-se em consideração o que o outro pensa, os efeitos do que digo e, em particular, qual é a objeção ao que eu digo. A formação necessita tempo (Kairós) e objeção. Esta indica os efeitos que produz no formando. Uma palavra formativa é boa quando dita de forma certa e no tempo exato. É importante estar muito atento para quando e como dizer. Por isso, é indispensável um estilo formativo fraterno. A boa 'atmosfera' ajuda a formação.

(Trecho do livro: Com coração e inteligência: Formação para a Vida Consagrada, FFB, 2005; Reflexão sugerida pela Ir. Francicarla Barros, OFS).

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Uma reflexão cristã sobre o Carnaval


Afinal, por que celebramos o Carnaval?


Etimologicamente, o termo Carnaval advém, dentre várias interpretações, de “carne vale” que significa “adeus carne” ou “despedida da carne”, pois que permitido o consumo de carne no tríduo que antecede a quarta-feira de cinzas, marco da Quaresma. (período durante o qual é recomendada a prática da penitência e abstinência de carnes vermelhas). Desde a origem da festividade do Carnaval, há um contraste entre o carnaval cristão e o carnaval pagão. E, de fato, percebemos ainda hoje essa discrepância.

De um lado, muitos jovens aproveitam essa data para extravasarem seus desejos, influenciados pela sensação de ”liberdade”, em que tudo é permitido. É comum, portanto, vermos nos carnavais a presença do excesso: de bebidas, de drogas, do apelo sexual etc. Vale lembrar que estes “sintomas” são perceptíveis, também, em outras épocas do ano, não apenas no carnaval.

Tal comportamento vem acompanhado do vazio, da “ressaca moral”, da ausência daquilo que verdadeiramente é capaz de nos preencher: o amor, a paz no coração, a liberdade de poder dizer SIM e NÃO.

“Liberdade é ter O Amor pra se prender...”

Por outro lado, o carnaval cristão experimenta a verdadeira alegria de estar na presença viva e real do Amor. O dançar, o cantar, o comportar-se muda de feição. Aqui, tudo o que é do bem e para o bem é permitido. Todos somos chamados a viver e aproveitar o tempo do Carnaval, que é tempo de festejar, com a alegria própria que o momento requer, sem, no entanto, extremar os excessos.

Fomos criados para amar ao próximo como a nós mesmos; para propagar e incentivar aquilo que é bom e verdadeiro; para vivermos conforme nos exige o senso de responsabilidade social, respeitando os limites da coletividade. Não somos meros expectadores da vida, mas estamos aqui, para sermos os atores, exercendo fielmente nosso papel de cristãos, com alegria e entusiasmo, com música e dança, com amigos e familiares, com respeito e fraternidade. Com amor!

Vivemos, sim, no mundo; e o mundo precisa, sim, de nós: jovens de calça jeans que amam, que dançam, que se divertem, e que sabem, acima de tudo, viver e fazer suas escolhas com o olhar para o Alto!

Quantos jovens desejam encontrar a felicidade que o mundo não nos proporciona? Como é difícil, por vezes, aceitar e desejar as coisas do Pai! O momento é propício para que analisemos tudo aquilo que nos mancha, que nos tira a paz de estar em paz com Deus. É tempo, pois, de iniciar ou persistir no chamado à conversão, preparando nossos corações para a Quaresma.

Independente do local onde você for passar o Carnaval, o segredo é não perder
 o senso de responsabilidade cristã.

"Orai e vigiai, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mateus 14, 38).


Fonte: http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=5151
Texto: Sabrina Tabatinga Araujo

Homilia do VI Domingo Comum - (Mc 1,40-45)



O evangelho deste domingo começa afirmando que “um leproso chegou perto de Jesus”. Na realidade não foi o leproso quem chegou perto de Jesus e sim o Senhor quem chegou perto do leproso. Quem é este leproso? Todo homem marcado pelo pecado e que por isso perdeu a sua dignidade. Somos todos nós. Não é o homem quem vai ao encontro de Deus e sim Deus quem vem ao encontro dos homens.

Na realidade podemos afirmar que este evangelho é a síntese de toda a obra da redenção trazida por Jesus. Depois do pecado dos nossos primeiros pais perdemos a primeira veste e a nossa pele foi desfigurada pela lepra do pecado. Como afirma a primeira leitura, já não podemos habitar no acampamento, por isso fomos expulsos do paraíso, ficamos isolados da comunhão com Deus. Aqui está a grande consequência do pecado “ficar isolado e morar fora do acampamento”. 

A ideia do “morar fora do acampamento” tanto tem o sentido do paraíso perdido, da comunhão com Deus que foi rompida, do céu fechado para o homem, como também, podemos compreender a atitude de quem mora fora de si mesmo, na condição de homem dividido, que não consegue mais ter interioridade, espiritualidade, que vive fora de suas energias interiores, sem conseguir estabilizar a sua identidade. 

Lembro aqui de um personagem bíblico, Josué, que segundo o livro do êxodo (33,11) estava sempre na Tenda da Reunião, lugar do encontro com Deus, nunca se afastava desta tenda. Lembro também de Jacó que era um “homem tranquilo morando sobre tendas” (Gen 25, 27), mas lembro de Dina, filha de Jacó, que um dia se afastou da tenda (Gen 31,1) e foi abusada pelos siquemitas. Longe da tenda do encontro com o Senhor, fora do acampamento, não podemos encontrar tranquilidade, serenidade para dar sentido à vida. 

Podemos nesta liturgia meditar sobre a nossa “localização existencial cristã”. Quando Adão e Eva pecaram, se esconderam de Deus e ai o Senhor perguntou: “Adão onde estas?”. Onde estou? No acampamento ou fora dele? Estou andando a “esmo” como disse Satanás a Deus no livro de Jó? 

Mas um dia este homem leproso tem um encontro com Jesus, o Filho de Deus, que também saiu da Tenda do seu Pai no céu, não por que tenha pecado, mas saiu para vir ao encontro do homem pecador. Cristo se fez pecado para, assumindo o nosso pecado, nos livrar dele. É justamente isso que vamos encontrar no relato do evangelho. Um leproso está diante de Jesus, à criatura diante do criador, o doente diante do médico, a miséria diante da misericórdia, o desespero diante da esperança, o ódio diante do amor. Podemos imaginar aqui como deve ter sido o olhar contemplativo de Jesus sobre este homem. O artista ver a sua obra que havia criado bela, mas está desfigurada, quase não a reconhece mais. Mas ele não a rejeita, pelo contrário veio em busca dela, o bom pastor encontra a sua ovelha e sente por ela um profundo amor. Jesus tem o remédio certo para curar sua ovelha, para livrá-la da lepra e este remédio é a compaixão. 

Poderia ter curado o leproso apenas com o seu olhar, ou com sua palavra, mas fez muito mais do que isso, por que tudo para o amor é possível, o amor não se contenta com o mínimo, ele dar tudo, ele faz tudo e o amor e a compaixão de Jesus é enorme. E ai o Senhor “não perde tempo”, se precipita para o leproso, estende a mão e o toca, Ele quer sentir a espessura das feridas, sentir o resto de vida que aquele corpo dominado pelo pecado ainda tem. 

A Pureza carregada de compaixão toca na impureza e a compaixão faz com que a impureza seja destruída, faz com que a ordem da criação seja colocada mais uma vez em ordem e que o homem recupere a sua primeira veste, sua dignidade original. Orígenes diz que “ao estender a mão para tocar no leproso a lepra desapareceu; a mão de Jesus não encontrou a lepra e sim um corpo curado”. Vamos pensar assim: o amor de Jesus foi tão grande por aquele homem que no espaço entre o olhar e o tocar o mal desapareceu. São João Crisóstomo diz “não foi à mão do Senhor que foi contaminada pela lepra e sim o leproso é que foi purificado pela mão divina”. 

Pensemos em nós, em nossas impurezas, olhemos para Jesus e deixemos que ele nos olhe, nos ame com o seu olhar e nos envolva com a sua compaixão e destrua também “as lepras” que ainda insistem em permanecer em nossas vidas. Com certeza ele o fará, por que foi para isso que Ele veio.

Pe. Paulo Sérgio Gouveia
vigário da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande