Neste domingo estamos encerrando as festividades do Natal celebrando o batismo do Senhor. O Filho de Deus humanado vai ao encontro de João, a beira do Rio Jordão, para, entrando na fila dos pecadores, receber o batismo. Jesus foi receber o batismo e quis que o seu corpo fosse lavado nas águas. Mais um ato humilhante do Filho de Deus, mas não esqueçamos que a cada ato de humildade é manifestada a glória e a grandeza do amor de Deus. A glória de Deus se manifesta em sua pequenez.
O Senhor faz-se semelhante ao servo; aquele que é sem mancha, o “Santo de Deus” vem ao servo, para se submeter a um rito destinado a pecadores, que se reconhecem como tais. A humildade da infância era de fraqueza e de dependência; a humildade de Jesus quando de seu batismo, é um abismo mais insondável ainda. Não somente o Filho de Deus se fez semelhante a nós, na carne, mas nesse dia, ele quer ainda fazer-se semelhante a nós, até na aparência do pecado.
Mas por que Cristo foi batizado? Aprendemos neste tempo do natal que esta criança que nasceu é uma Pessoa divina que assumiu uma natureza humana se tornando verdadeiro homem. Esta humanidade que está unida ao Verbo de Deus foi assumida por Ele e como que divinizada, isto é, participa como nenhum outro homem da vida divina, da vida no Espírito. Por isso que São Cirilo de Alexandria afirma que “Cristo recebeu o Espírito Santo enquanto homem e enquanto convinha ao homem recebê-lo”. Esta humanidade que já esta repleta do Espírito desde o momento da concepção recebe a plenitude do Espírito. Como diz Santo Ambrósio “O Espírito leva a plenitude o que já está pleno”.
Só que o Filho de Deus assumiu a humanidade não apenas para divinizar o homem que estava unido a ele, mas para fazer participantes da natureza divina todos os homens. São Cirilo diz: “Com efeito, toda a natureza humana se encontra em Cristo enquanto homem. Assim o Pai dá ao Filho seu próprio Espírito, a fim de que em Cristo também nós o recebamos”.
Já São Máximo, o Confessor, afirma: “Cristo foi batizado não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las e para purificar as torrentes com o contato de seu corpo. A consagração de Cristo é, sobretudo a consagração da água. Assim quando o Salvador é lavado todas as águas ficam puras para o nosso batismo; a fonte é purificada para que a graça batismal seja concedida aos povos que virão depois. Cristo nos precede no batismo para que os povos cristãos sigam confiantemente o seu exemplo”.
Na realidade o Filho de Deus não recebeu o batismo para si mesmo, nem somente para ser investido de sua missão messiânica, com efeito, esse Espírito que é seu, nos é dado nele e por ele. Cristo recebeu o Espírito para nós. Eis a grandeza do mistério. Nada que o Filho de Deus fez neste mundo o fez para ele e sim para ser difundido em todos nós.
No batismo de Jesus os céus se abriram isto é, houve a renovação do homem e do mundo. Fez-se a reconciliação do visível com o invisível. A Trindade se manifestou, o Pai aponta o Filho como único caminho que salva o homem. O Pai da imortalidade enviou ao mundo seu Filho imortal, seu Verbo que veio aos homens para purificá-los na água e no Espírito; e a fim de gera-los novamente pra a incorruptibilidade.
Agora todos são chamados a descer as águas do batismo. Quem o faz renuncia ao demônio e entrega-se a Cristo; renega o inimigo e proclama que Cristo é Deus; renuncia à escravidão e reveste-se da adoção filial; sai do batismo, resplandecente como o sol, irradiando justiça; e mais que tudo isso tornar-se filho de Deus e herdeiro com Cristo.
Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande
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