sábado, 3 de janeiro de 2015

Homilia da Epifania do Senhor



Neste domingo a liturgia celebra a festa da epifania, palavra que significa manifestação. Celebramos hoje a Manifestação do Senhor, mas a festa do natal também foi uma epifania, uma manifestação e a Igreja do Oriente venera com igual fervor estas duas epifanias. Epifania na noite de Natal com os pastores, epifania na visita dos magos. Vejamos a diferença entre as duas. 

Na noite de Natal a manifestação do Senhor aconteceu para com os pastores que pertenciam ao povo judeu, esperavam o Messias, tinham conhecimento através da leitura da Sagrada Escritura de que nestas ocasiões de nascimento de grandes personagens apareciam anjos para anunciar. Por isso, Deus envia anjos ao seu encontro para dizer que em Belém havia nascido o Salvador, o Messias. E eles de pronto acreditam e se põem a caminho para ver o acontecido. Chegando lá encontram o menino com Maria a sua mãe. Deus se revelou a eles a partir da Bíblia. 

Já a epifania que celebramos hoje se dá de um modo diferente, os magos eram astrólogos, homens que estudavam a natureza, os astros, não conheciam a Sagrada Escritura, por isso, a revelação de Deus para eles se dá a partir do que eles conhecem a natureza. Surge um astro que lhes revela que algo de extraordinário havia acontecido na Judeia. Eles de pronto se põem a caminho. Os pastores e os magos caminham ao encontro de Deus. Os pastores orientados pelos anjos e os magos pela estrela. 

O catecismo da Igreja católica afirma que Deus pode ser conhecido pela luz natural da razão ( natureza), mas há outro grau de conhecimento muito superior em que Deus mesmo se dá a conhecer pela revelação, isto é, pela Sagrada Escritura. Os pastores caminham ao encontro de Deus iluminados pela revelação, Escritura, enquanto que os âmagos caminham iluminados pela razão. Mas, conhecer a Deus apenas pela razão é um conhecimento limitado, por isso a estrela os conduz para Jerusalém, pois é de Jerusalém que sairá a Palavra de Deus. O homem que tem o conhecimento natural de Deus pode ser conduzido pela graça ao conhecimento revelado. 

Chegando a Jerusalém, orientados pela Palavra de Deus os magos tem a certeza do lugar onde está o Messias. Agora não é mais o conhecimento natural e sim a revelação da Palavra que os orienta e eles vão até Belém. A estrela ainda os conduz, o conhecimento natural não é descartado, mas iluminado pela Palavra de Deus. E quando eles encontram a criança sabem pela revelação que ali não está apenas o Messias, pois de imediato os magos se prostram adorando o Senhor que havia nascido. 

Encontram o menino nos braços de Maria, a sua mãe. Que mistério! Maria se torna o primeiro trono onde se encontra o Filho de Deus, é do colo de Maria que os magos o adoram, ela é a primeira custódia. É de Maria que Jesus irradia todo o seu poder e misericórdia. 

Uma coisa os magos contemplam com os olhos do corpo e outra coisa com os olhos do espírito. Percebem a humildade do corpo assumido, mas não está oculta a glória da divindade. Veem um menino e adoram a um Deus. Que mistério grandioso da condescendência divina. A natureza divina e eterna aceita as debilidades de nossa carne. O Filho de Deus, que é o Deus do universo nasce homem. Aquele que os céus não podem conter é colocado em uma manjedoura.

A natureza cumpriu a sua vocação, guiou o homem até a Palavra revelada, esta orienta o homem ao encontra a Deus. A Palavra não diz tudo, e sim que ele nasceu em Belém, chegando a Belém os magos encontram não um Deus majestoso, em seus esplendores, mas um Deus em forma de criança no colo de Maria, Mas o que fazer? É ali que Ele que ser adorado. 

Que nós iluminados pela Palavra de Deus saibamos encontrar Jesus nos pobres, doentes, famintos e sofredores. É ali que ele que ser encontrado.

Pe. Paulo Sergio Gouveia
Vigário paroquial da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande

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