O tema central da liturgia deste domingo é a salvação que conseguimos em nome de Jesus. Pedro diz que o único nome, ou melhor, a única pessoa que o Pai nos deu e que nos salva é Jesus. Como o homem não podia alcançar pelas suas forças a salvação Cristo se tornou a ponte que une o céu e a terra.
Mas, em que consiste essa salvação? Contemplemos o projeto inicial de Deus. Quando Ele fez o mundo criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança. A Bíblia afirma que Deus disse: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança. E Deus criou o homem a sua imagem”. Isto significa dizer que o homem foi criado à imagem de Deus com a vocação se tornar semelhante a Ele. Esta semelhança com Deus o homem obteria convivendo com Ele no Paraíso, mas o homem pecou se afastando deste projeto. Perdeu assim a comunhão com Deus e aí se tornou difícil chegar a ser semelhante a Deus.
Por isso, o Filho de Deus assume a nossa semelhança e nos dar as condições para que nos tornemos semelhantes a Ele. Há como afirma a liturgia uma “troca de dons entre o céu e a terra”. Deus se faz um de nós para que nós sejamos iguais a Ele por participação.
A primeira atitude que Deus faz nesta caminhada para nos tornar semelhantes a Ele é nos dá a graça de sermos seus filhos. Toda a história da redenção, desde a encarnação até a cruz e a ressurreição, é para que nós sejamos adotados como filhos de Deus. Para João este é o grande presente que o Pai nos deu. A filiação divina é o alicerce onde construímos a nossa santidade, onde começamos a viver a compaixão, a misericórdia, o amor que nos assemelham a Deus.
Porém, este é o início, com a filiação divina e contemplando Jesus, seja na Palavra, seja na Eucaristia ou nos irmãos mais pobres, a nossa vida vai sendo modelada pela vida de Jesus, passamos a ter o mesmo comportamento de Jesus, e nos tornamos “outros Jesus” no mundo e assim a salvação começa a acontecer em nossa vida.
Entramos na escola do bom pastor. Jesus cuida de nós e nós passamos a cuidar dos preferidos de Jesus, Ele deu a sua vida por nós e o Espírito Santo vai aos poucos criando em nós o desejo de colocar a nossa vida a serviço dos irmãos. Começamos a aprender que salvar a vida não é nos refugiarmos em uma instituição religiosa ou levantar a mão e dizer que “aceitou Jesus”, mas é viver a compaixão, é gastar a vida servindo ao outro, seja em nossa família, seja no trabalho ou onde houver alguém necessitado de salvação. Somos salvos á medida que salvamos, esta é a regra.
Enquanto estivermos preocupados com nós mesmos, com as nossas satisfações sejam de ordem psicológicas ou mesmo sentimental religiosa, onde muitas vezes buscamos uma paz que na realidade é fruto do nosso egoísmo, estamos nos enganando a nós mesmos e não estamos sendo salvos. Ser salvo é doar a vida pelos irmãos.
Pe. Paulo Sérgio Araújo
Vigário paroquial da catedral diocesana
Diocese de Campina Grande
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