sábado, 20 de setembro de 2014

Homilia XV Domingo Comum - Mt 20,1-16



Nesta liturgia o Senhor nos diz que “meus pensamentos não são como os vossos pensamentos e, vossos caminhos não são como os meus caminhos”. A lógica de Deus é totalmente contrária a nossa lógica. Podemos entender como o ponto alto das reflexões dos últimos domingos. Neles Escutamos Jesus dizer que “era necessária a cruz”, ouvimos o Senhor dizer a Pedro que “não pensas como Deus e segundo os homens” celebramos a exaltação da Santa Cruz, exaltação que segundo Paulo é a humilhação de Jesus pregado na cruz.
 
Verdadeiramente, muitos textos da Palavra de Deus soam para nós com muita dificuldade, não conseguimos compreender por que Deus age assim. Se olharmos outros textos encontramos Deus dizendo que “o povo caminhou no deserto para ser humilhado e saber o que estava no coração (Deut 8)”, Paulo diz que “é necessário passar por muitas provações para entrar no Reino de Deus”. Estas e outras palavras nos desnorteiam, pois segundo os nossos pensamentos, servir a Deus, buscar a sua presença é algo que nos leva a felicidade e ao bem estar. Como é possível que este Deus que é amor “entrega seu único Filho nas mãos dos pecadores?” Como é possível acreditar em um Deus que neste momento em que passo por tantas dificuldades clamo a Ele e ele simplesmente silencia e não se coloca a disposição para resolver meus problemas? Como acreditar que Deus é amor quando uma criança inocente que tinha toda a vida pela frente morre de câncer ou um jovem morre prematuramente? 

Porém, Jesus no evangelho nos ensina que o problema não é Deus e sim a nossa mentalidade. Na realidade Deus é bom, justo, sempre está atento as nossas necessidades, mas a sua maneira de agir é diferente da nossa lógica. O caminho que nos salva não é o caminho da grandeza, do tirar proveito em tudo e sim o caminho do ser simples, pequeno. Deus nos salva não “pela sabedoria humana e sim pela loucura da Cruz”. Nós é que não acertamos ainda os nossos passos com os de Deus. É preciso pensar como Deus pensa, querer o que Deus quer, ver o mundo com os olhos de Deus. No evangelho da tempestade em que Jesus dormia o problema não era a tempestade e sim a falta de fé dos discípulos. 

E como poderemos chegar a pensar como Deus pensa? Primeiro que tudo rezando, pois é preciso que o Pai revele os seus pensamentos para nós e ele o faz pelo Filho no Espírito Santo. Então antes de tudo uma vida conduzida pelo Espírito. Depois meditando a Palavra de Deus, encarnando o evangelho em nossas vidas. Fazendo Lectio Divina. È na Bíblia e na doutrina da Igreja que poderemos conformar a nossa mentalidade com a de Deus ou chegarmos mais próximos do pensar de Deus. 

E que maravilha quando isso acontece! Descobrimos a verdadeira paz, uma felicidade que não é deste mundo. Passamos a ver o mundo com o olhar de Deus e começamos a constatar que nada está “fora do seu lugar”, que tudo tem uma lógica perfeita, nada acontece sem a permissão de Deus e o que ele permite é sempre o melhor. Santo Agostinho vai dizer que até mesmo os nossos pecados se tornam caminho de purificação e renovação da nossa vida. Aquele fato doloroso já não doe tanto, aquela revolta já não atinge mais, aquela humilhação tornou-se caminho de revelação da verdadeira grandeza, aquela morte repentina já estava na lógica de Deus. Ele é o maior e tudo está nas mãos Dele e tudo o que Ele faz é maravilhoso. E verdadeiramente o seu pensamento é o único verdadeiro, o seu caminho é o único certo. Não entendemos tudo o que acontece, mas para que se preocupar ou sofrer com isso? Deus sabe o motivo e no final tudo dará certo, é só confiar naquele que jamais nos abandona e que é o Senhor da historia.

Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial da Catedral diocesana
Diocese de Campina Grande

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