Neste domingo as leituras nos ajudam a contemplar a missão do pastor e a atitude das ovelhas. Na realidade somos todos nós as ovelhas do rebanho do Senhor. Mas neste rebanho o Senhor constituiu pastores com a missão de conduzir seu povo. A primeira leitura é muito forte em relação aos pastores que deixam que as ovelhas se percam e sejam dispersas das pastagens. Israel viveu a experiência de ter pastores mais preocupados consigo mesmo do que com o rebanho. A leitura coloca em evidência o juízo sobre os pastores infiéis, a sua substituição e o zelo de Deus em cuidar do seu povo, bem como a promessa de um verdadeiro pastor.
Deus ao enviar pastores vigia sobre o desempenho deles, pois o povo pertence a Deus. Serão pedidas rigorosas contas a estes pastores por não cuidarem bem do povo de Deus. A Igreja no seu conjunto e cada pastor deve prestar contas a Deus de como desempenha a missão recebida, tendo diante dos olhos o modelo de Jesus, o bom pastor.
Mas muito mais do que emitir juízos sobre os pastores vamos para o evangelho contemplar a pratica pastoral de Jesus.
O evangelho nos mostra Jesus preparando os futuros pastores da Igreja. Ele envia os apóstolos em missão, na volta Jesus os convida a um momento de descanso com Ele. Vão com Jesus descansar, rezar e avaliar a missão. Ele une a missão com a contemplação. Mas como verdadeiro pastor e no cuidado para com os missionários, Jesus não despreza as ovelhas. Saindo do barco Jesus se depara com uma multidão cansada e ansiosa para ouvir as suas palavras. Vemos aqui a atitude das ovelhas, elas procuram o pastor.
Dizia São Josemaría Escrivá: “A fome e a dor comovem Jesus, mas, sobretudo comove-o a ignorância”. Por isso, a primeira atitude do Mestre é ensinar, antes de dar o pão Jesus ensina. E o que Jesus ensina? A arte de amar, o serviço, o caminho para que o homem seja mais humano.
Para ser um bom pastor é preciso aprender a ficar a sós com Jesus, de retirar-se para um lugar solitário. Não é possível comunicar o que não se tem. Daí a necessidade dos momentos de oração. Jesus, após as atividades apostólicas, retirava-se para as montanhas, onde permanecia em oração durante a noite.
É impossível ter um apostolado fecundo sem estas pausas reparadoras aos pés do Mestre, destinadas a cobrar novas forças, não apenas físicas, mas, sobretudo, espirituais. Pausa de oração e de atenção interior para aprofundar a palavra do Senhor e encarná-la cada vez melhor, na própria vida. Já ensinava São Josemaría Escrivá: “… a tua vida de apóstolo vale o que valer a tua oração”. Gandhi costumava dizer: "É melhor que a nossa vida fale por nós, mais do que as nossas palavras. Deus não carregou a cruz somente a dois mil anos, mas a carrega hoje e morre e ressuscita dia após dia. Seria uma magra consolação para o mundo se tivesse que contar apenas com um Deus histórico que morreu a dois mil anos. Não pregueis apenas o Deus que se encarnou em um determinado momento da história, mas mostrai como esse Deus vive em nós hoje".
Tanto para nós pastores, quanto para nós, ovelhas, o exemplo de Cristo é motivo de questionamento e chamado à conversão. Para os pastores, é forte apelo a que sejam a presença dele no meio do rebanho, tendo seus sentimentos, suas atitudes, participando de sua entrega total. Pastores que não apascentam Cristo, que não vivem a vida de Cristo na carne de sua vida, não são pastores de fato; são maus pastores como aqueles do Antigo Testamento.
E para as ovelhas o Bom Pastor hoje nos convida a que nos entreguemos totalmente a ele como ovelhas. Como a ovelha do Salmo de hoje, que confia totalmente no seu pastor, ainda mesmo que passe pelo vale tenebroso, porque sabe que o pastor é fiel, que o pastor haverá de defendê-la. Que Jesus, cheio de amor e misericórdia, nos conduza aos campos verdejantes, nos faça descansar, restaure nossas forças, guie-nos no caminho mais seguro, nos prepare a mesa eucarística e nos dê habitação na sua casa pelos tempos infinitos.
Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial da catedral
Diocese de Campina Grande
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