domingo, 19 de julho de 2015

Homilia XVI Domingo Comum - Mc 6, 30-34



Neste domingo as leituras nos ajudam a contemplar a missão do pastor e a atitude das ovelhas. Na realidade somos todos nós as ovelhas do rebanho do Senhor. Mas neste rebanho o Senhor constituiu pastores com a missão de conduzir seu povo. A primeira leitura é muito forte em relação aos pastores que deixam que as ovelhas se percam e sejam dispersas das pastagens. Israel viveu a experiência de ter pastores mais preocupados consigo mesmo do que com o rebanho. A leitura coloca em evidência o juízo sobre os pastores infiéis, a sua substituição e o zelo de Deus em cuidar do seu povo, bem como a promessa de um verdadeiro pastor. 

Deus ao enviar pastores vigia sobre o desempenho deles, pois o povo pertence a Deus. Serão pedidas rigorosas contas a estes pastores por não cuidarem bem do povo de Deus. A Igreja no seu conjunto e cada pastor deve prestar contas a Deus de como desempenha a missão recebida, tendo diante dos olhos o modelo de Jesus, o bom pastor. 
Mas muito mais do que emitir juízos sobre os pastores vamos para o evangelho contemplar a pratica pastoral de Jesus. 

O evangelho nos mostra Jesus preparando os futuros pastores da Igreja. Ele envia os apóstolos em missão, na volta Jesus os convida a um momento de descanso com Ele. Vão com Jesus descansar, rezar e avaliar a missão. Ele une a missão com a contemplação. Mas como verdadeiro pastor e no cuidado para com os missionários, Jesus não despreza as ovelhas. Saindo do barco Jesus se depara com uma multidão cansada e ansiosa para ouvir as suas palavras. Vemos aqui a atitude das ovelhas, elas procuram o pastor. 

Dizia São Josemaría Escrivá: “A fome e a dor comovem Jesus, mas, sobretudo comove-o a ignorância”. Por isso, a primeira atitude do Mestre é ensinar, antes de dar o pão Jesus ensina. E o que Jesus ensina? A arte de amar, o serviço, o caminho para que o homem seja mais humano. 
Para ser um bom pastor é preciso aprender a ficar a sós com Jesus, de retirar-se para um lugar solitário. Não é possível comunicar o que não se tem. Daí a necessidade dos momentos de oração. Jesus, após as atividades apostólicas, retirava-se para as montanhas, onde permanecia em oração durante a noite. 

É impossível ter um apostolado fecundo sem estas pausas reparadoras aos pés do Mestre, destinadas a cobrar novas forças, não apenas físicas, mas, sobretudo, espirituais. Pausa de oração e de atenção interior para aprofundar a palavra do Senhor e encarná-la cada vez melhor, na própria vida. Já ensinava São Josemaría Escrivá: “… a tua vida de apóstolo vale o que valer a tua oração”. Gandhi costumava dizer: "É melhor que a nossa vida fale por nós, mais do que as nossas palavras. Deus não carregou a cruz somente a dois mil anos, mas a carrega hoje e morre e ressuscita dia após dia. Seria uma magra consolação para o mundo se tivesse que contar apenas com um Deus histórico que morreu a dois mil anos. Não pregueis apenas o Deus que se encarnou em um determinado momento da história, mas mostrai como esse Deus vive em nós hoje". 

Tanto para nós pastores, quanto para nós, ovelhas, o exemplo de Cristo é motivo de questionamento e chamado à conversão. Para os pastores, é forte apelo a que sejam a presença dele no meio do rebanho, tendo seus sentimentos, suas atitudes, participando de sua entrega total. Pastores que não apascentam Cristo, que não vivem a vida de Cristo na carne de sua vida, não são pastores de fato; são maus pastores como aqueles do Antigo Testamento. 

E para as ovelhas o Bom Pastor hoje nos convida a que nos entreguemos totalmente a ele como ovelhas. Como a ovelha do Salmo de hoje, que confia totalmente no seu pastor, ainda mesmo que passe pelo vale tenebroso, porque sabe que o pastor é fiel, que o pastor haverá de defendê-la. Que Jesus, cheio de amor e misericórdia, nos conduza aos campos verdejantes, nos faça descansar, restaure nossas forças, guie-nos no caminho mais seguro, nos prepare a mesa eucarística e nos dê habitação na sua casa pelos tempos infinitos.

Pe. Paulo Sérgio Gouveia
Vigário paroquial da catedral
Diocese de Campina Grande

domingo, 12 de julho de 2015

Visitar o Irmão!


“Se algum dos irmãos cair enfermo, onde quer que estiver, os outros irmãos não o abandonem, ..., se necessário for, que o sirvam como gostariam de ser servidos (cf. Mt 7,12)” (RnB X,1)

Começamos a nossa reflexão com este trecho da Regra não Bulada, no intuito de percebermos o cuidado que o nosso Pai Seráfico São Francisco de Assis já expressava aos seus irmãos que por alguma ocasião estivesse enfermo ou em idade avançada como encontramos na Constituição da Ordem Franciscana: “avançando na idade, aprendam os irmãos a aceitar a doença e as crescentes dificuldades e a dar à própria vida um sentido mais profundo, no progressivo desprendimento e encaminhamento à Terra prometida. (CCGG art.27,1)

Quando somos chamados a fazer parte de uma família ou grupo nos sentimos irmãos e irmãs, quando fazemos parte da família franciscana o sentido de irmão e irmã torna-se ainda mais forte, pois não somos apenas irmãos daqueles que encontramos nas reuniões e nos encontros, mas sentimos um profundo amor fraterno por aqueles que pelo avanço da idade ou por alguma enfermidade não podem estar presentes nestes encontros.

Nas diversas fraternidades de OFS temos irmãos e irmãs que esperam o nosso abraço, nosso carinho... a nossa presença franciscana em sua casa, ou porque não dizer no leito de um hospital.

Na nossa fraternidade São Francisco, eram feitas visitas aos irmãos e irmãs idosos ou enfermos. Estas visitas eram realizadas por alguns irmãos (individualmente segundo as suas possibilidades). Por ocasião do Capítulo Avaliativo ocorrido a 17 de maio de 2015, foi exposto esta atividade,  enfatizando que aos poucos estava sendo formado um grupo de visitadores aos irmãos enfermos e idosos, o SEI (Serviço dos Enfermos e Idosos). A partir deste Capítulo, as visitas começaram a ganhar ritmo. Semanalmente, os visitadores tem se encontrado e partido em missão.

Cada visita realizada deixa um marca, tanto para quem recebe como para quem a faz. É um momento de troca, de entrega, de desapego de si mesmo, onde cada um percebe a beleza do encontro, a essência da frase  “E depois que o Senhor me deu irmãos...” (Test 14), pois em cada visita saímos preenchidos de ensinamentos, tendo em vista que muitas das vezes vemos a esperança no rosto do irmão, como destacou a nossa irmã Rosa Maria (visitadora) em uma das visitas: “fomos visitar e nós é que saímos revigorados!”

Os momentos das visitas aos irmãos são únicos, pois cada irmão expressa da sua maneira, a sua saudade do tempo em que podia frequentar a sua fraternidade, lembra de seus irmãos da mesma época, de quando realizaram sua profissão e quantos anos já tem de professo(a), dos encontros realizados, músicas que gostam de cantar, além de suas angústias e tristezas por não terem mais a oportunidade de atuarem como antes.


São instantes como estes que nos formam e nos ensinam a sermos franciscanos. Esperamos confiantes que por intercessão de São Francisco de Assis e Santa Clara, consigamos através deste serviço anunciar a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo, àqueles que tem sede de Deus e esperam na Sua Providência Divina.

Confira mais imagens no link Fotos.

Por Ir. Franciscarla, OFS