Homilia do VII Domingo do Tempo Comum - Mt 5,38-48
Neste domingo nos
deparamos com um dos mandamentos de Jesus dos mais exigentes e que temos tanta
dificuldade para colocá-lo em prática: “Amar os inimigos, fazer o bem a quem
nos odeia”. Em uma sociedade tão violenta quanto a nossa a proposta de Jesus
parece fora de propósito. Mas, sendo palavra de Jesus deve ser vivida.
Há outras palavras na
liturgia que podem nos ajudar a compreender a proposta de Jesus: “Sede santos,
por que sou santo. Sede perfeito como o vosso Pai do céu é perfeito”. Ele nos
propõe o caminho da perfeição, da santidade cristã. É a superação da lógica da
vingança, de responder na mesma moeda, de assumir em um mundo violento uma
atitude pacífica. Não esqueçamos que estas palavras foram pronunciadas pela
primeira vez no Império Romano, altamente violento. Na realidade Jesus propõe a
lógica de Deus que é bom tanto para os bons quanto para os maus.
Mas como viver esta
palavra? Como podemos conduzir a perfeição de Deus em nossas vidas? A missão de
Jesus foi elevar o homem até Deus. Como dizia Santo Irineu “O Filho de Deus se
fez filho do homem para que o homem se tornasse filho de Deus”. A nossa vida
deve ser de conformidade com Cristo, porque ele é o Filho por excelência e se
queremos viver como filhos de Deus, portemos a imagem de Cristo em nossa vida.
Para alcançarmos este fim sobrenatural ele nos deu os meios que nos ajudarão a
vencer a nós mesmos e fortalecer a humildade que nos capacitará a viver esta
palavra: a leitura de sua Palavra, sua graça e a Eucaristia.
Pois somente a graça de
Deus pode nos capacitar a amar o inimigo. A nossa tendência humana é de sempre
querer a vingança. O homem pacífico é fruto da intimidade com Deus, a paz é
fruto da oração. Santa Tereza D’Ávila diz que “a oração dilata o nosso coração”
e assim o capacita para cumprir a vontade de Deus. São João da Cruz afirma:
Deus só reina em uma pessoa pacífica e desinteressada. O mundo tem necessidade
de aprender a pagar o ódio com o amor, o mal com o bem, a ofensa com o perdão e
ninguém melhor do que o cristão para ensinar esta lição. Mas, é preciso
tornar-se louco, porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus.
Somente a sabedoria de Deus pode salvar o mundo.
O cristão não deve ter
inimigos pessoais. O seu único inimigo é o mal em si, o pecado e não o pecador.
Pelo contrário, se soubermos enfrentar com paciência e espírito de oração a
maldade dos outros, cresceremos na virtude e seremos conformes a Jesus que
soube perdoar aqueles que lhes fazia mal. O mais importante é que vençamos o
mal praticando o bem.
Ainda não estamos vivendo esta palavra, na realidade estamos a caminho deste ideal. Por isso, desejemos, pois como afirma Santo Agostinho “A vida inteira do bom cristão é desejo santo. Aquilo que desejas, ainda não o vês. Mas, desejando, adquires a capacidade de ser saciado”. Desejemos uma vida pacífica, desejemos levar amor onde impera o ódio, desejemos a paz e assim nós nos transformaremos na própria paz.
Pe. Paulo Sérgio Araújo Gouveia
Pároco da Paróquia S. Judas Tadeu - Nações, C. Grande, PB
Diocese de Campina Grande
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